O Manual da Chave Cósmica







The Sunny-Ray

O Manual da Chave Cósmica
Intuído misticamente por The Sunny Ray, o
antigo  Zenji Raikai Reiki ¥


Prólogo

Quem faz sempre terá o que fazer;
Quem busca sempre terá o que buscar;
Quem almeja, alcança e re-almeja.
Quem se sabe já feito, faz nada, nada busca, nada almeja.
Todas as coisas estão plenas de vazio e a perfeição
Não se apressa, contudo,
Não se atrasa jamais.

Primeiro Pulso

A vida não se limita à angústia dos réus
E o nome mais elevado não pode ser tentado pelo mal.
É o portador da luz mais sublime
Que transcende toda angústia e preconceito
Comove multidões, era após era.
Para além disso, instaura a singela lei do seu ar.

Segundo Pulso

Raríssimas garrafas de alabastro não comportam filhotes de dragão.



Cria problema para si mesmo, aquele que procura a solução.



O fundamento está na dúvida,



Para aquele que jamais duvida da certeza.



Pois, o "gerante" resolve cada lágrima



E cada sopro de vida que nos chega.

Terceiro Pulso

Já é hoje, o amanhã.
É a intensidade modal do sentir
Determinado a justa duração dos tempos.
Homens imediatos sabem da atualíssima
Arte de o único saber.
Contudo, são eles muito mais raros
Do que se possa imaginar.

Quarto Pulso

No melhor do imaginável,
Imagina-se a realidade que povoa o mundo real.
Realizai o melhor real, sonhando!
Na ação separadora,
Saibais escolher as imagens do princípio.
Principiai a criação mais real!

Quinto Pulso

Querer a questão é nada querer,
Ser e não ser solução.
Cortar o fio de prata é definir-se em labirinto.
Um pulso, dois pulsos e o antigo pulso.
Eis o mistério sem segredo.

Sexto Pulso

A cada novo conceito,
Surge uma fontezinha a jorrar outros,
Surgem novos rios conceituais.
Mas, na jornada de agora
Vê-se uma fontezinha já esgotada,
A do intermezzo, a única que é seca
E nos instiga a bebê-la.

Sétimo Pulso

Cósmico-própria,
A perfeição, como pouquíssimos,
Pode revelar-se frágil.
Um homem é poder de crença,
Onde o profundo principia a superfície
Na simplicidade própria de si mesmo.

Oitavo Pulso

Água fluída não se rejeita.
Em descendo sobe, subindo desce;
Mas não se profana. Ora em cima, ora em baixo.
O poder da transparência é aclamado
Pelo abismo e pela altura.
Eis o vetor do ser-base,
O ensinamento da água integrada
E fluída em si;
No abismo e na altura.

Nono Pulso

O momento resolve, indicando o anelo que principia e finda.
Universo volvente do antigo pulso, quando a terra gira sobre si,
Na natureza atemporal do sopro vivo.
Tempo de corrigir, na gradação tensa,
Subsistência do sensível na sucessão tri-una do verbo,
Onde o número se adequou ao entendimento, em uma
Completa harmonização sinfônica.



Décimo Pulso

O cumulativo propõe o vazio que clama por toda grandeza.
Um pulso e sua ausência, um pico e um penhasco.
Alvorada luminosa após a madrugada sombria;
A montanha e o desfiladeiro;
O cavaleiro e sua dama, ambos sobre o mesmo cavalo.

Décimo Primeiro Pulso

A vida não se comove na negridão das trevas,
Nem mesmo na aparência medonha do abismo ante o caos.
Instinto, poder de destruição, uma dor sobre a pele viva.
Carnificina e temor, destruindo para ver a nova vinha.
Pisar as uvas para sentir a vida alegre
Dos mais nobres vinhos.

Décimo segundo pulso

O sabor sublime do alimento mais básico,
A força do corpo, retida força do mito.
Uma flor de savana,
Força e beleza africanas
No poder de todos os países.
As tribos reunidas em torno do banquete
E os palácios reduzidos a um mesmo plano.
Uma só casa pelo governo do gosto de todos,
No pote de barro do pomar,
Os sabores mais sublimes
Em decomposição para licores.

Décimo terceiro pulso

Antever os movimentos da vitória,
Vencer antes do tempo do embate.
O velho mestre-de-armas,
Cingido de humildade até o brado
Do vencedor.
A humildade cedeu lugar ao desabafo
De quem viveu no sonho.
Assome agora ao cimo da chama justa,
Velho de contas infantis!
É o campeão singular
Neste mundo de espectadores.

Décimo quarto pulso

O melhor golpe não afeta a ausência.
O melhor guerreiro é mestre
Na arte da esquiva.
Atitude precisa é evadir-se do epicentro
Da tragédia prenunciada.
A avalancha assola o extenso vale
Em toda a sua amplitude.
A montanha permanece intacta.

Décimo quinto pulso

A tempestade de fogo cruzou a Via Láctea
E soprou sobre a esférica safira.
Aves impuras subiram às excelsas alturas,
Galgando meios para pureza
Rumando ao todo-natureza dissonante em harmonia.
Correntes de ar quente projetam aves
Às alturas mais improváveis.

Décimo sexto pulso

A perfeição do encontro sintetiza complexidades.
Olhos cegos que se vêem,
Silêncio entre os que se falam...
Da sucessão de erros, o aprendizado,
Inútil ao passado, inócuo à frente.
Do invisível à aquarela cósmica,
Totalidade das cores, raio de luz.
A morte recorre à vida, dela mesma decorre.
Suprema alvura:
Dragões albinos que
Flutuam no ébano antinômico do som.

Décimo sétimo pulso
O visgo astucioso do caçador apanha o pássaro
Que se esvoaça em vão, desesperado,
Para reaver a glória da liberdade.
Há um pássaro que canta o seu canto mais sublime
Mediante a mais terrível e aterradora crise.

Décimo oitavo pulso

A unidade de uma geleira não se desfaz jamais.
Tampouco o poder dos raios quentes da estrela.
O baixo é uno e o aparente é alto.
No raio, na geleira e no gás;
O ser, achado, nunca foi buscado assim.

Décimo nono pulso

A proeza dos cosmos fez surgir
O fogo na água do lago.
Desvelou a cegueira aos olhos enegrecidos de trevas.
E o cego viu a partir do que lhe privavam os olhos.
Nas densas trevas do mundo dos mortos, se permanece o balanço.
Ora na cidade das alturas, ora na cidade do abismo.
Na força do rugir de eternas águas, se apaga o lago de fogo.

Vigésimo pulso

Nada há para fazer naquilo o que é.
Não há forma fixa nem reforma possível,
No eterno-presente.
A forma permanece sem forma,
Mesmo naquilo que se deforma.
O que não força sabe-se
Cosmos consciente de si,
Função basilar essencial.
O é se divide em toda bipolaridade e paradoxo.
Sem barreiras está, e, sem comportas se porta.
Onde a lâmina, navalha diamante
Divide o aparente vazio e verdade.

Vigésimo primeiro pulso

A vida se preserva na vida e não nas lutas.
A justiça não apela para arautos defensores.
Não há libertadores que detenham a liberdade.
O altar do amor desconhece qualquer sacrifício.

Vigésimo segundo pulso

O mais simples saber que se ignora é o senhor,
O caminhante da trilha das estrelas.
O marco da transição mais primitiva
É o mais tênue feixe de luz.
Instância zero, passo primeiro.
Conseqüente e eterna sucessão
No esquema fulcral.
Veja a abertura dos pórticos integrados
Na transparência!

Vigésimo terceiro pulso

Inconfundível, inequívoco e perfeito,
Decide-se em ato de perfeição integrada.
Ninguém ou coisa alguma é,
Sem comprometimento próprio.
Separado fica o estado de ser
Da afeição.

Vigésimo quarto pulso

Proporção geométrica é e não é tempo.
Realização, satisfação total...
O ocorrido é tempo e não o será.
A plenitude é o pulso da solução:
Chaveamento...
No exato instante do problema.

Vigésimo quinto pulso

Não se pode auferir a fé, e, a ameaça, nada teme.
Dike e a Guerra são nosso íntimo:
Deus sem crença ou religião.
Vigésimo sexto pulso

Quem desce ao profundo de si dispensa todo fardo,
Acha o fluxo natural da vida e não se frustra;
Preserva a presença própria de si.
Dá-se à ordem suprema da liberdade
E ameaça o mundo que o ignora por completo.

Vigésimo sétimo pulso

A aparência entrava, mas o poder interior liberta.
Não eleja guias para si sobre a face desta terra!
O Saber do poder interior é saber-se divino.

Vigésimo oitavo pulso

Não ser criança e nem pessoa,
Espontâneo ser...
Todo esforço é inútil para libertar-se da vida.
Ou porventura serias tu, dela, um adversário à altura?

Vigésimo nono pulso

O dever do incomum é obedecer aos ditames da Deusa
Que habita no seu íntimo ser.
Direito é o mundo dos trabalhos de Sísifo.
Mundo de quem mata para sua provisão e sustento,
Mundo das diferenças perenes.
Esfaimado, dessedente a tua fome!
É direito teu isto.
Mas não lá, onde residem minhas irmãs,
Eudaimonya e Dike.

Trigésimo pulso

Lucidus viu a vida em seu fundamento,
Acordado enquanto dormia e sonhava
Durante a vigília noturna.
Outros, sem velarem pela noite, dormiram,
E tão somente vislumbraram
O fundamento da realidade onírica.
Há os que dormem durante
A vigília diurna,
Mas que, durante a noite, dormem sem vigiar.

Trigésimo primeiro pulso

Há domínio do mundo das manifestações,
No fazer íntimo de si.
Há quem reine portentoso,
Na inabalável fortaleza do eu profundo:
Imenso no invisível da força e em
Ocupação no reino invisível,
Recriando a própria criação,
Senhor de mundos adversos.
Herança gratuita é aquela aristocracia.

Trigésimo segundo pulso

A vida vai se escoando
Dos seres vegetais pelos alados,
Ao universo similar e à floresta
De manifestações vívidas,
Onde até o sem forma se transforma.
A essência mais íntima se preserva
Da liberdade do fazer à liberdade de ser;
Da quantidade à qualidade,
Do fazer, ao melhor pensar.
Por fim, o não fazer e o não pensar,
Permanecendo homem.

Trigésimo terceiro pulso

O todo do saber gira sobre o eixo
Diametral da sensibilidade.

Trigésimo quarto pulso

A quem interessa um saber velado?
Àqueles que o revelam.
Ninguém jamais achou a liberdade
Num saber restrito,
E a justiça condena quem a não encontra.

Trigésimo quinto pulso

Um coração partido:
Espaço e tempo rompidos.
Sem aval e sem tutor,
Salvaguardado perdido.
Mais um remendo em arrebento,
Um reencontro e o mesmo redentor:
O vento.

Trigésimo sexto pulso

Grandiosa é a sorte,
É gratuita, como a morte
Surpreendida pela perpetuidade viva.
O Guerreiro em seu presente, guerra santa.
Perfeito e infalível,
O herói e sua sorte no combate.
Empatia e finitude,
Sorte e momento em instante.
Um pequeno guerreiro se eleva
À estatura dos maiorais da Terra.
Pequeno e perpétuo, um gigante.

Trigésimo sétimo pulso

A providência da natureza
Surge no tempo da colheita.
Tudo tão presente num bocado,
Um fruto saboroso.
Satisfação total, alívio.
Um bocado de vida e de sentido.
No instante da verdade
Há única opção:
Caminho de beleza que atina espírito.
Certeza de rochedo,
Lampejo em plenitude,
Corpo meigo e alma pura.

Trigésimo oitavo pulso

Armar a cama sobre um braseiro
Para repousar tranqüilo sono.
Eis a insensatez do inconstante.
Afirmar a vida é, sempre,
A posição mais nobre do repouso.

Trigésimo nono pulso

Não fazer o já feito,
Assim procede ao sapiente
Sem razão.
Pensamento já pensado,
Solução já dada, dívida quitada,
Disto ele se afasta.
O pensamento incomum está unido a tudo,
A razão sem razão.
Dispõe-se, suavemente,
Em verdade, no todo.

Quadragésimo pulso

Solucionando os conflitos,
Seguindo na liberdade,
Fundado no íntimo
Da paz verdadeira.
A guerra, a todos compromete.
Brota do interior em conflito.
O fato fundador do universo
É o caos, no mais íntimo de si,
Nutriente do gênio ascendente.
E haja paz!

Quadragésimo primeiro pulso

Os ventos da destruição e da fortuna
Brotam do âmago profundo natural.
A sorte se lança na fortuna e no furacão,
Desolação exposta na primavera.
A plantação, sob a negra nuvem do devorador.
Sobre folhas secas, incêndios suaves,
Matas consumidas no verão nefasto,
A costeira assolada em pleno inverno.
Persistente, ao longe, o velho som das tormentas,
Um prelúdio precipitador do absurdo:
Um surpreendente outono,
De inédita prosperidade.

Quadragésimo segundo pulso

Quem estiver sedento,
Que passe ao deserto,
Rumando contrário aos lagos do norte.
Martírio e provação não promovem pureza.
Só o homem impuro se priva sem primar
Pela liberdade sua e de outros.
Aquém do horizonte mora a pureza,
Do fosso humano mais repulsivo,
Ela foi tomada.

Quadragésimo terceiro pulso

Como catástrofe, inequívoca e necessária,
Desse modo irrompe o gênio
Dum paraíso em coisas novas,

Irrompe a morte, ele,
Companheiro do inefável.
A sombra seguindo um beduíno
Pelas sendas do deserto.

Quadragésimo quarto pulso

Onde se origina e se reproduz o silêncio?
Na calmaria, completude perfeita:
O lugar de todas as respostas.
Para além da tumba,
Enquanto vivos a vemos,
Exorta-nos o oráculo.
Em silêncio, o ouvimos.
Aquém da tumba, o além de nós:
A nossa eterna e ressonante voz.
Quieta é a força muda agindo.

Quadragésimo quinto pulso

No fim tudo deve estar dentro.
Não ser cópia nem escravo,
Avançar calando para melhor impor veraz.
Palmilhando parado e atento, o espírito:
Terreno dum novo espaço no tempo.

Quadragésimo sexto pulso

Sempre um passo para além da fronteira,
Mais simples e mais próxima do que se imagina.
Prosseguir e transpor a grande cordilheira
Refletindo, meditando palmo a palmo,
No mostrar-se vida.

Quadragésimo sétimo pulso

Faz o que sente, faz o que diz e diz o que pensa.
Assim galga-se seguro rumo ao completo.
Antecipa fatos em sonhos proféticos,
Retorna à chama divina de si.
São estas as providências do homem
Em anelo de completude:
Harmoniza partindo do caos,
Transcende o imanente em si e
mais se cala, em seu novo silêncio.
Três vias num só caminho.

Quadragésimo oitavo pulso

Traspassa as palavras,
Perfeita esfera sapiente,
E fecha o ciclo universal
Do saber limitado.
Este é o termo limite, o início
E o fim da escrita e da fala.
O saber mesmo é interminável,
Jamais se repete em símbolos
Ou em sintagmas simbólicos.
Percorrer a plenitude do todo,
Vivendo o saber.
Isto é diferente,
É a própria diferença.
É repousar...

Quadragésimo nono pulso

O enigma da existência se encerra
Nas possibilidades do divino em nós.
O plano ideal possui amplidão geográfica;
Embora seja ela nula
Para a maioria gritante dos mortais.

Qüinquagésimo Pulso

Quando a claridade se oculta,
As formas falam da luz.
É preciso estudar para saber o que se quer?
O conhecimento sem ruídos
Provém do silêncio.
O branco integra o multicor,
E, assim, se integra o saber:
Pela luz invisível.
Oculta dos mímicos, na sua perfeição,
Propondo metáforas paradoxais,
Num sermão em gesto silente.

Quinquagésimo primeiro Pulso

Contra a própria vontade segue um mercenário,
Contra ou a favor de qualquer vontade.
Ele desconhece maior poder,
Conforme se ergue naquilo que não vê.
Vive um saber ancestral donde flui fatal sapiência.
A cada novo morto, uma nova certeza:
Saber do fixo, meio saber;
Saber do móvel, meio saber;
Saber de ambos, saber-se em princípio.

Quinquagésimo segundo Pulso

A caminho do mar, encontrei um cajado.
A Musa me encontrou, no caminho das areias.
Com olhos de oceano, me vi nas mulheres.
O cajado, sustentáculo da existência,
O entreguei àquele homem aflito.
Encontrei o espírito na coisa,
Naquele cajado que entreguei
A um homem quase sem espírito.

Quinquagésimo terceiro Pulso

Teve a fé e a esperança como
Seus únicos legados e
Ouviu o Completo a lhe inquirir:
“Quem é você? -
Daquilo que já é, se acumula
E se multiplica. Isto não vale como resposta
Daquilo que o homem faz de si mesmo,
Por ser a arte mais ampla.
Sugiro o dínamo da alma. -
Mas, acaso já solta os seus passos pelo Universo”?

Quinquagésimo quarto Pulso

Olhando o lado interno das mãos
É possível entender que
O que deseja o homem, já dantes lhe pertencia.
Persiste no caminho das areias e das águas,
Busca mesmo a ti...
Ocupa o teu lugar com tudo.
Nisto os mundos se convergem,
Os lugares se alteram
E o tempo se mantém imutável, como vós,
No eterno ser da própria memória.





Quinquagésimo quinto Pulso

No mês mais longo do ano,
O mundo parou para entender
O pedido do mago em sua aflição.
A consolação fez morada naquele coração cansado,
Banquetes surgiram ante os negros olhos marejados.
Serviram-lhe as Musas, os Ghengis e os Aquiles.
Amparou-lhe pela mão, Fortuna.
E o sábio mago, fez fluir de si
A eterna virtude da
Paz entre os mundos.

Quinquagésimo sexto Pulso

Humano indo e vindo,
Horário e anti-horário.
Ser hipotético:
Homem anti-horário.
Mundo indo e vindo
Sem fuso-horário.
Labirintos infindáveis,
Minotauros incontáveis.
Homem, ser ternário, diga,
Ao contrário, o antídoto,
Exposto na bula do boticário.
Isto mostra a norma donde sucede
O incontido e o ordinário.

Quinquagésimo sétimo Pulso

A juventude fitou a si mesma na velhice,
Num êxtase de puríssima intuição.
Nessa vida de viventes sentiu
A brisa da própria vida do mistério.
Viu o Belo, a arte de si mesmo,
Donde fluía a própria vida.
Jovem e sensível, velha e racional.
Viu um homem ao encontro de tudo e de todos.

Quinquagésimo oitavo Pulso

Amor e liberdade não são caminhos
Significantes.
Na praça do saber a tolice trocou
Sua música pela juventude.
A surpresa se apresentou na máscara da decepção.
O alívio perdeu seu afeto,
No afã da busca
E achou a incerteza disfarçada de masmorra.

Quinquagésimo nono Pulso

Homens e mundos são anteriores a palavras;
Mas há palavras que podem construir a ambos.
Novas humanidades criam novos tempos.
Onde o incomum busca, sem cessar,
Condição de abrir novos espaços
Que abrigue a humanidade do mundo.

Sexagésimo Pulso

Num diferindo de todos contra todos,
Sistema de relações unificado no diverso,
O milagre supera o ordinário incomum.
Catalisa a unidade da qualidade cósmica,
Na pausa mais curta entre dois ventos.
Superfície anunciando profundeza,
Conexão do último elo, na pausa
Mais longa dum bater de pálpebras.

Sexagésimo primeiro Pulso

Não sabe quem é,
Todo aquele que se rege pelo
Crescente querer.
Não enxerga mais que o comum,
Aquilo o que todos vêm.
Toma por divina a tosca imitação de si.
É Deus e é diabo,
Buscando conexões entre eventos.
O querer é ilimitado,
E quanto a ti mortal,
O és assim também?

Sexagésimo segundo Pulso

Partindo da imanência transcende,
Do irracional, raciocina;
Do inconsciente, se conscientiza.
A tensão consciente da consciência toda,
Sinaliza de uma base inconsciente.
Nisto tem, o Completo, sua imortalidade.

Sexagésimo terceiro Pulso

Um ser de plena luz,
Nascido do caos e do desespero;
Forjado em fornalha de aflição e angústia.
Um regente incomum, rei sobre reis,
Cuja rubrica sela o Livro da Convergência,
O mais intenso poder, a mais intangível sapiência.
O Guardador da Chave Cósmica e
O intérprete do manual místico.
Inscrito na linguagem dos sete ventos,
E de além da nuvem mágica do Completo.

Sexagésimo quarto Pulso





Transparência invisível e perpétua do cosmos,
É o caminhar no caminho das estrelas
Unido ao facho mais tênue da luz.
Firmar o marco da transição mais primitiva da vida,
Chavear o espaço-tempo inda em vida consciente;
Conhecer os limites do ignorado e
A instância zero.
O primeiro passo e conseqüência
Una da eterna transição.
Abrir os pórticos no esquema fundamental,
Integrando as trilhas e seus mundos.
Feito!

Sexagésimo quinto Pulso

Um tempo...
Repouso e quietude;
Dois tempos...
Agitação e caos;
Três tempos ou o antigo tempo...
Tensão e limite.
Aquele que deseja ainda mais
Que conte mais ainda.

Sexagésimo sexto Pulso

A perfeição não se apressa,
Contudo nunca tarda.
Os olhos apodrecem na cadeia
Da religião e da norma.
A perfeita visão se torna intangível.
Ver o que acredita é possuir
Olhos divinos.
O Completo é silêncio originário.
Quem dá crédito a sua fala,
Por mais que persista no som
Volverá ao silêncio.

Sexagésimo sétimo Pulso

A força sempre vem
E o Completo não demanda reparo.
Quem por ele anseia sente ser.
O Parcial pergunta:
“Quem ou quê é a força?”
O Incomum espera
Confortavelmente sente sempre
Que a verdade se cala e diz:
“A força jamais esteve entre nós!”

Sexagésimo oitavo Pulso

Passando em silêncio,
A potência em suspensão
É semelhante ao ato em supressão.

Sexagésimo nono Pulso

O Incomum retira um oceano de sabedoria
Do mar de sua própria ignorância.
O filósofo balbucia a contrariedade complementar dos opostos,
Mas "peca" em não conceber correta completude.
Sabe ele uma molécula,
Do oceano de sua ignorância.
Recomendo coser com novelo
De Ariadne, sobre o mar desta sabedoria,
E o oceano daquela ignorância.

Septuagésimo Pulso

Infrator do universo, protótipo de um nada,
Caminhante pelas veredas conscientes, o Incomum.
Finitude amplamente afirmada,
Auto-revolução do infinito consciente.
Sistema resolvido, todo-autonomia.
Vago-repleto e concreto,
Auto-abstraído.

Septuagésimo primeiro Pulso

Pensar e falar por todo o corpo,
Por completo com a alma.
Tornar-se saber imediato.
Halo cósmico isento
De causa e sucessão.

Septuagésimo segundo Pulso

A águia na montanha, a presa na planície.
Garras sanguinárias, sangue tolo.
Mergulho no espaço...
Força alada sem esforço bruto,
Em franca afirmação negada no tempo.
A placidez no bater das asas.
O vulcão no lago de gelo,
A aridez na unidade,
O deserto na floresta.
A natureza, a se afinar consigo sempre.

Septuagésimo terceiro Pulso

Uma pluma ao vento não reluta
E um tronco flutua na correnteza.
A chuva escoa pelo penhasco.
Homem-pluma, eis teu maior amigo, o vento!
Homem-rio, o mar suspira a tua chegada!
Homem-chuva, o penhasco não te detém!
Como a luz que vence o tempo,
O espírito vence o homem.

Septuagésimo quarto Pulso

Morrer em nome do amor
É tentar denominar o inefável.
Quem defende a liberdade,
Ela mesma não se deixa cativar?
A ilusão pode iludir a todos.
Guardião da justiça,
Veja bem, é ela quem te guarda!
O Incomum não morre, sabe que a vida
Não possui adversário e que
A luta é sua paz.

Septuagésimo quinto Pulso

O universo demanda espaço humano
Propagando tudo de si mesmo.
A fortuna irrompe do raro
Na mistura do riso com a lágrima e
A sorte grande concretiza o imaterial.

Septuagésimo sexto Pulso

Poder quase impotente, vigor da fraqueza: Homem.
Há barreira naquilo que é.
Raro: Olhar acima dos pilares,
Homens pilhados, aos milhares.
Joio pilado com trigo,
Garapa sem açúcar.
Debulhar o milho dos pesares...
O eterno-presente
É passado em altares.

Septuagésimo oitavo Pulso

É flexível o pau d´arco da tolerância
Com suas raízes eternas e suas
Sementes profundas de perdão.
Homens se perdem no êxtase
Da servidão.
Os deuses de vanguarda confiam,
Os fanáticos desesperam.

Septuagésimo nono Pulso

A essência da ação repousa no indispensável,
Sucesso demanda poder e não desgaste.
Ser movido é melhor que mover,
Ser causado é melhor que causar
Quando um simples ponto
Sustenta toda a rota real.
Quem pede supera o que dá.
Mas, quem recebe sem pedir,
É maior que os demais.

Octogésimo Pulso

Melhor que abanar labaredas
É acender um braseiro ao vento.
Na base de toda razão,
Decide o coração.
Derramai o leite já derramado,
Se já és um sócio real da luz.
Hoje, o vento moverá montanhas,
As dunas do amanhã.

Octogésimo primeiro Pulso

Datando antes do fim
O último ato do combate,
Vence-se cabalmente a guerra.
Quem não dispõe de tal ciência
Deve preservar a paz a todo custo.
Quem chega ao cimo do monte
E finca sua bandeira,
Deixa, também, seu saber,
Sua consciência.
Ou não terá conquistado a conquista
Tampouco completado completude.
Ainda no ínterim da disputa, ser o ato final
Da maior conquista.

Octogésimo segundo Pulso

O silêncio pergunta e não responde,
É o maioral dos sábios.
Antecede a tudo e antecipa o fim.
A divina arte é saber-se
Silente mistério.

Octogésimo terceiro Pulso

Apressa-te e trabalha, oh, homem de dores!
Torna-te mais vão, na medida em que te esfalfas
Nesse teu mundo de vãs disputas.
Cada qual busca sua posse
Com os olhos no alheio.
Desespero e cobiça.
A morte implora à vida
E as partes não compõem o todo.
O Incomum permanece, ainda, ignorado.

Octogésimo quarto Pulso

O futuro medeia o tempo
E o espaço medeia a si.
Nos braços do homem há cansaço.
A unidade é infratora aos olhos.
O impulso é tri-uno.
A natureza assevera:
A pior ilusão é o futuro,
O mal projetado para o amanhã e que
Assegura a vigência do "inferno".

Octogésimo quinto Pulso

Tua aparência é mesmo tua?
Qual a tua maior conquista,
Tua verdadeira posse?
Sangue na vitória e na derrota,
É assim?
Sonhos são vitórias isentas de sangue
Pelo sangue já vertido.

Octogésimo sexto Pulso

Caminha na tempestade,
Por entre raios e trovões.
Onde os heróis se assombram
E os bravos recuam.
É por lá que avança,
Rumo à áurea pureza e a
Luzir o mais intenso brilho.
Um louva-a-deus dourado,
Imagem primordial a despir-se
Da carcaça. Tomando as vestes
Da coragem e do ser inequívoco.

Octogésimo sétimo Pulso

É o sublime que me olha
Com seus olhos fixos,
A voz interior que ressoa em mim.
As asas que garantem
A vitória da distância,
São mais poderosas
Que os furacões do medo.
Hoje: arco-íris sobre o meu oásis,
Sorriso místico da certeza inconclusa.
Alma cristalina que não alimenta
O fogo do fracasso.
Quem mais pode, menos pode;
Quem menos pode, pode nada.

Octogésimo oitavo-Pulso

Há três grandes opostos,
Num único e mesmo processo.
Alargue-se o homem na estatura,
Eixo de si e superação da figura.
Medido o caminho da melhor fortuna,
O Completo desilude da figura.
Cobrir o traçado que a lá conduz,
À perfeição isenta
De trevas sedentas de luz.

Octogésimo nono Pulso

Quando parecer fácil demais
Redobre os cuidados,
Reforce as defesas.
Para se evadir do caos e da luz
Pela via do espelho dos olhos.
Ser ponto, linha e curva no espaço.
Achar o princípio sem indexadores.
Deixar ser a luz na claridade.
Permanecer sempre acima e dentro.
Sempre abaixo e fora,
Permanente ao coração
Na verdade luminosa.

Nonagésimo Pulso

Crise: limite horizontal da finitude resolvida.
Envolve o todo reverso abstraindo a concretude.
O passado-presente da sucessão se volve
Do nada ao novo, dos erros ao refinado
Conselho aprendido,
Tudo feito e acabado.
Comunhão com a chave,
Mesmo entre espinhos.
Expansivo na paisagem
É quem já viu, numa imagem,
O melhor de todos os projetos.

Nonagésimo primeiro Pulso

Da mais alva brancura aos confins da Terra.
Um corajoso aventureiro se depara
Com a Chave Cósmica.
Pretende abrir a porta excelsa.
E fechar as comportas
Da antiga era escrava.
O bem que jamais se almejou ter,
Muito perto está,
É o mais próximo.

Nonagésimo segundo Pulso

Comover o mundo
Pela fé da própria decisão.
Parar para mover e mover até parar.
É assim o dínamo indeterminado no Completo.
Não há ameaça aos harmônicos do som,
Orquestrados na batuta das possibilidades,
Randomicamente determinadas da infinitude.
Já assim se fundamenta a diversidade,
Desde já.

Nonagésimo terceiro Pulso

A destra protetora mantém o Incomum na sorte.
Defende-o ao sul, quando segue pelo norte,
A sinistra assume a posse de suas
Mais recentes conquistas.
Brada a vitória na chegada.
Inabalável, ferido de morte,
Mas não sucumbe...
Com A chave segue abrindo o novo.
Pela força do coração
Segue muito bem armado e firme.
Mas, sempre flexível, em plena potência ativa.
Um só golpe destro
E a coroação lhe ocorre do ocidente.

Nonagésimo quarto Pulso

Esta é A Chave Cósmica
Da comunhão eterna dos princípios.
Ela demanda manuseio de sábio e de artífice,
Braço guerreiro e harmonia de maestro.
Um incomum pede e recebe do dia
A porção clara do Manual.
Nem todo que se cala funda um universo.
Mas a ciência repousa no amante
Que satisfaz às exigências do prólogo.

Nonagésimo quinto Pulso

Quem sofreu a saudade angustiante
Aprendeu a “querer.”
Chega já satisfeito a festins e banquetes,
Muitas vezes apenas olha.
O incomum já foi jovem e ainda o é.
Conhece afirmando aquilo a que se dirige.
Jamais “duvida” de si,
Por isso transita entre mundos
E não se dispersa.

Nonagésimo sexto Pulso

Um brincante remido na alegria do saber,
O incomum não é o único, mas é uno.
Não é o último, portanto,
Não é o primeiro.
Leva a sério a mais infantil das anedotas,
Mantendo o espírito sempre largo,
Como o seu semblante.
Vive a brincadeira e brinca enquanto trabalha.
Sabe seus atos sérios.
Por ser feliz e venturoso,
Brinca também com a tristeza.
É um brincante que brinca de sofrer e brincar.

Nonagésimo sétimo Pulso

O ato perfeito cria quando atua.
Ato que comove o Completo.
Fluído e espontâneo é o seu braço direito.
Ajeita tudo pela esquerda sinistra.
Loucura divina em ato.
Faz o absurdo, a plenitude da beleza.
Em distração, num instante,
Faz inteiro, o universo.

Nonagésimo oitavo Pulso

Cada coisa possui seu modo
Mas, O incomum randomiza o novum.
É condição funda da fluidez em tudo.
Sem religião, numa decisão de fé,
Expressa o mundo pelo
Modo puramente genial.

Nonagésimo nono Pulso
Em digressão ao infinito
Segue a idéia de amor.
A obra se diz perfeita
Quando principia onde finda.
O ofício mor é exercer e saber-se luz.
Sem ignorar o negrume da noite.
Entendimento relevante
Não tem parte no complexo.
O completo resolve a tudo.
Em cada pulso, noventa e nove dimensões,
Harmonizadas numa derivada da Chave Cósmica.

¥ O manuscrito, primeira transcrição completa, foi concluído aos 03 de março de 2006, ás 20h00min. Aos 21 do mesmo mês sua primeira revisão, concluída às 12h00min. Em outubro do mesmo ano, no di 16, às 12h43min. No dia 17 de maio de 2008, às 17h35min, foi concluída a digitalização geral. [Edição final]22 de setembro de 2011, 13:32h.
Postado por Marcéu Sunny-Ray às 06:46

Comentários

  1. Nota para entendimento sobre os nomes da obra e do autor:

    A obra O Manual da Chave Cósmica trata dos 99 pulsos taquiônicos. É um poema zen que encerra inúmeros desdobramentos interpretativos. A mensagem foi escrita pelo Mestre Marcelo Santos, professor e pesquisador em diversas áreas das humanidades. Criador dos termos mistética / misthesys e metaquântica. Autor do livro A Intuição Estética como Fundamento da Significação.

    Raikai Reiki Zenji e Sunny Ray Zenji:
    Ambos os títulos honoríficos possuem sentido equivalente.
    Zenji é o mestre do intuitivo cósmico, da meditação contempletiva que propõe a ruptura do mero logicismo racionalista linearizante.
    Rai é o termo japonês para três palavras: Confiança, raio e trovão.
    Kai refere-se a estado de graça, felicidade, harmonia e realização.
    Reiki significa a atmosfera do mistério, a energia cósmica divina, fluxo da vida.

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  2. Sábio pensador da dinâmica quântica, é fácil penetrar na "mente" do autor para tentar supor como sua "alma" vê e interpreta uma determinada realidade da vida, segundo sua visão espiritual. Creio, porém, que, como poesia, a beleza e a simplicidade estão implícitas nas muralhas que ele criou em seu próprio intelecto. Talvez tenha escrito para si o que vai no seu mundo interior, o seu ser. Contemplar a sua visão querer quase uma invasão dele mesmo. Intelectualmente belo, porém as emoções de plenitude, simplicidade e felicidade, não nos atingem de pronto. São filosóficas e talvez pouco poéticas. Creio que é de intensão puramente filosófica. Lindo livro para reflexões. De formas rebuscadas de pensamentos e sentimentos. Uma fonte de águas frescas e profundas, as vezes ocultas, para serem encontradas por alguns poucos pensadores. Receba minha mais profunda gratidão pela sua generosidade !!! Namastê.

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    1. Comentário muito bem-vindo, de quem teve o destemor de saltar as muralhas desfiadoras deste poema enigmático!

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